Piedade



Já não sinto minhas asas imaginárias,
Falta-me o ar no próprio peito.
Frente a frente, comigo mesmo,
Com a força que anseio, mas foge de mim,
Cabe-me curvar-me a vulnerabilidade de meu corpo.
E pior, é que tudo parece se resumir a isto.
E neste sentido, viver não trágico ou cômico,
É apenas a humilhação, de não querer e ter que ser.
Cativo dos desatinos dos arbítrios passados,
Ao menos, assim quero crer, quero alguma justiça,
Para fundamentar o alicerce do ato de existir
E então temo: não seria esta a maior de todas as ilusões?
Exausto!
A piedade e a misericórdia surgem com maiores atrativos.
E então me calo, pois que faltam palavras,
Pois que já os significados abandonaram os símbolos gráficos,
Tudo se verte em caos perpétuo, inominável
Regalia para poucos, e então consumir-se em ardentes chamas.
Fogo que elevam-se para depois ficarem reféns da sólida terra,
Paraíso e inferno de cada um.


03/12/2013
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 19/08/2017
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