Bolha de Sabão

Ah, quem me dera

Se ao invés de ser

Este ser indefinido

Que ninguém sabe o que é

E que jamais saberão

Eu pudesse ter nascido

Embalado e partido

Como um bloco de sabão

Eu roçaria com minha costela

Nos pratos e panelas

E espumaria em tuas mãos

Eu iria morar na sua pia

Me gastar todo dia

Ao te espiar no fogão

Se eu fosse o sabão de côco

com que lavas a tua roupa

Eu abandonaria a cozinha

Só pra ensaboar tuas calcinhas

Até as mais engraçadinhas

Eu iria perfumar

Se eu fosse um sabão tipo pedra

Com que lavam as cobertas das mais sujas orgias

Eu ficaria satisfeito

Por saber que de algum jeito

Me encontraram serventia

Ah, mas se eu recebesse a permissão

De ser uma bolha de sabão

Eu deixaria todo o resto

Colocaria o meu destino no sopro de uma criança

Que tem na alma a esperança de me ver longe do teto

Eu partiria para o infinito

Em um estouro tão bonito

Que eu seria enfim completo

Pedro De La Rosa
Enviado por Pedro De La Rosa em 17/08/2017
Reeditado em 27/09/2017
Código do texto: T6086962
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