Anjos e Rosas - XCIII
... por que
quando o céu
está tão próximo
de nossas vestes
tristes parece-nos
que a nós não
nos pertence?
por que
o silêncio que
tanto nos diz
também é capaz
de nos causar o
mais pungente
padecimento?
por que os
olhos que
confessam angústia
e procura são
os mesmos que
fogem daqueles
que ofertam aconchego
e afeto?
por que
a palavra alva
e angélica é
a que mais espanta
anjos e inquietas
rosas?
por que o
verde chão que
nos cabe tende
a se tornar
em deserto frio?
por que dos
tantos sonhos
que tínhamos
resta-nos em
doses elevadas
uma aquietação
indescritível?
por que
o nosso melhor
se encolhe nos dias
calmos e com
ventanias?
por que
temos que ser
mais fracos do
que nossos
monstros cocriados?
por que
no final do
caminho
os pés lamentam
e choram pelos
infindávies porquês?
Por que?