ESCAVA A ALMA
Escava a alma como terra,
Empoeirada, velha ferida,
Sem regar, poeira que sobe,
E arranha o olhar,
Escarra as amarguras,
No chão que não desenhou,
Peregrino perdido,
Que descalço pisou.
Folhas de pele ao vento,
Brisa de lâmina em chuva etílica,
Que rasga em liquidez,
De tormentos ilíquidos.
O sol cauteriza as feridas,
Clareia a rota desgovernada,
Mapas de sombra,
Fuga da lamúria.
Antissepsia ardida,
Cutânea cicatrizada,
Soneto de amor interrompido,
Peito ansiando recomeçar.
Escava a alma como terra,
Desta vez para plantar,
A semente, seu sêmen da flor,
Que por dentro o amor faz brotar.