Todo sapo é um princípe.
Todo princípe é um sapo...
E as moscas
E as drosophilas
Voam em elipses perfeitas
E são devoradas pela própria tontura.

Toda princesa é borralheira.
Toda borralheira é uma princesa
Enrustida, embrutecida, inesculpida.
Lapidar.
Aprimorar.
Amadurecer
Talvez o tempo ou o destino.

Toda a criança tem aura do começo
É raio de sol do alvorecer
Tinge a abóbada celeste
Decora as estrelas de brilho
E vê o mundo mais colorido.
Mais vivo.

Pulsa nas veias
a prova do afeto.
Pulsa nas sinapses
a prova de reflexo

Ter consciência dói.
Ter sensibilidade também.
Não somos blindados.
Não somos imortais.
Temos longa infância,
breve maturidade e
na morte, uma certeza.

E me pergunto:
Por que alguns se sentem 
tão superioes?
Tão nobres e inatingíveis?
Tão absurdamente deificados...
Sem anjos e nem santos..
Sem dons e milagres.

Ser humano
desafiadoramente humano.
Humano apesar de embrutecer.
Humano apesar de dormente
o espírito que demente quer
ser coisa e não um ente...

Toda doença é um alerta
É um grito,
um sinal..
um enigma.
Decifrado por remédios.
Médicos e terapias.
A poesia é minha terapia.
Posso enlouquecer.
E curar-me
Posso curar
e de novo mergulhar
no torvelinho
e buscar o fiapo
da meada
Ou a meada do fiapo...

Não terei todas as respostas.
Não saberei de todas as questões
Mas, pelo menos, não vivi
impunemente.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/07/2017
Reeditado em 13/07/2017
Código do texto: T6053553
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