GIRAMUNDO

Rosália queria reinventar a roda.

recriar algo mais perfeito

que suas reinvenções recentes:

a calota, o pneu, a bola,

um time de futebol no ataque.

Mas Rosália no meio do jogo

percebeu como era difícil reinventar.

(Quem inventou a barbatana do peixe,

levou muito tempo

para chegar à pata do cavalo

e quando finalmente criou o pé humano,

parou de cansaço.)

E um dia Rosália desistiu,

nunca reinventaria a roda,

porque ela antes de tudo

rola e dispara.

uma roda era tão difícil

que nem parecia um galo cata-vento

ou um disco de vinil que tocava

preto e musical.

Rosália imaginou então,

já que somente sobrara sua imaginação

que um dia alguém inventaria à mão de vinil

que executaria na palma,

as imagens de uma vida inteira.

A vida é prensada.

Torna-se magnética

depois começa a vibrar.

DO LIVRO:"O ÚLTIMO FOGUETE"

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 02/07/2017
Reeditado em 22/08/2021
Código do texto: T6044014
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