Mundo moderno
Sou mais vago que o tempo, não reconheço mais alguns olhares, eles falam de dinheiro o tempo inteiro, eu acho que isso não é felicidade
Eles consomem o que dizem pra consumir, depois são consumidos por não pagar, eles vendem falsa segurança aqui, pra te matarem quando for pra lá
E eu arrumei um jeito de seguir, mudei os passos do meu caminhar, já faz algum tempo que me encontro aqui, mas não sei como vim pra cá
Será que alguém consegue me ouvir? Ou será que tá tarde demais pra eu falar?
Fazem dias que não consigo dormir, já perdi a vontade de sonhar
Dos becos e vielas que passei, é melhor você não brotar, na favela eu já quis ser rei
Mas o Palácio do rei é dentro da cela
Os combos de soco da vida que tomei
Eu também tive parcela, se nessa vida eu não ramelei, porque eu tenho que viver na miséria?
Eu fui astuto de fato, na ficção desse filme, ficção é o caralho, essa porra é verdade, mais um neguinho no crime
E no meio dessa selva, eu prefiro ser Mandela, ficar 27 anos preso, e no final ganhar a guerra
Escrevi um relato, de todas merdas que já fiz
Cada uma é uma ferida, e olha mano o tanto de cicatriz
Eu já quis ser jogador, representar o Mengão no Maracanã, mas me acordaram desse sonho, com um grito de desespero, “mataram seu truta Juan”
Eu perdi o chão, maldade na cabeça o tempo inteiro, pensando no amanhã, se algum amigo meu vai morrer ou vai ser preso
Que cotidiano filho da puta, parece não ter escapatória, na periferia a vida é dura, e eu tô lutando pra não virar memória
Eu consegui terminar os estudos, por aqui isso é vitoria, eis aqui o lixo do mundo, aquele que vocês chamam de escória
O meu povo sofre, por comida e a falta dela, enquanto lutamos por direitos iguais, os boy batem panela
O rap é bala venenosa, na mente dos hipócrita careta, fala que nosso som é marginal de bosta, mas sua filha gosta, e abre até a buceta