Psiconauta

Eu preciso me conectar em mim,

Desprender o meu espírito, que vagueia entre o passado e o futuro;

Abandonando o tão importante presente,

Porque o presente é tudo o que verdadeiramente temos.

As lembranças são os resquícios do passando gravados no presente.

Assim com os sonhos, que nada mais são do que um vislumbre do futuro, se projetando no presente.

Aqui, no presente, é que existe vida.

Só há vida no presente.

Aqui está a vida, na sua frente!

Na minha frente!

Na cara de todo!

Todos os dias que estamos vivos.

Perdoe-me, alguém, por favor, me perdoe, mas eu me perdi em mim.

Eu me perdi em um turbilhão de pensamentos,

Correnteza tão forte que me absorveu em si, e prisioneiro fui

Eu fui muitas coisas, e hoje me sinto tão menos do que fui antes

Não sei em qual esquina eu tropecei em alguma oferenda, e aborreci algum Deus.

Sei que empreendi fuga para o abstrato, numa viagem muito louca para dentro de mim.

Psiconauta.

E me sinto estar despertando novamente,

De um sono muito profundo, no qual mergulhei léguas submarinas dentro de mim

E no fundo, bem lá no fundo eu houvesse encontrado um monstro,

Florescente. Luz indizível.

Como se a vida ou felicidade,

Aos poucos, se apresentasse como uma Dama Matutina,

E me convidasse para ouvir e dançar a música cósmica e divina

Que está aqui, bem aqui, dentro de mim.

Dentro de ti.

Bem no fundo.

E em tudo

À nossa,

E à vossa volta.