do vento que visita minhas noites
do vento que visita minhas noites
sei que, suave, inspeciona cada gesto
discreto e tão cioso, num tom quase sacrossanto,
em cada canto vai plantando afagos e ternuras
entre a loucura e a realidade em que divago
sorvo um bom trago de almíscar onde deliro
e quanto mais aspiro do perfume que ele exala,
um silêncio apronta a sala para a fala franca e crua
e apagando as memórias forasteiras
sugestiona-me as palavras mais tranquilas
que não ouso, não ouso...
a noite cumpre o seu sagrado ofício
e o vento, benfeitor em exercício,
vigia a lágrima que vinga mas não desce
- na extensão, toda dor é rua:
reta, sem poste, meio fio e sem esquina -
então, batizo minhas cortinas com uma prece
e digo amém à solução que o vento traz...
...às minhas retinas