AGALMA

Ao Jailton

Daquelas longas marchas que fazíamos

Lembro-me que queria obedecer ao regulamento

E olhava fixamente para a mancha branca

Que ressaltava da cabeleira em nuca do companheiro da frente!

Um ouvido na cadência que regia o choque,

Generalizando as patentes;

O outro pavilhão e bigorna nas ferraduras do galope;

Um olho na crina,

O outro olho nas sombras no páteo.

A depender do ângulo obtuso do sol mais alto

Estas se permitiam mais que a libido,

Insubordinadas energias no calor do asfalto.

Dos valores têmpera e agalma!

- Com ele eu cri, sem ver, em nada mais que a verdade,

Dos valores têmpera e agalma!

Sem olfato, paladar ou tato

Que a longarina, por exemplo, tem alma!

E aprendi que, mesmo sem sentidos,

A imobilidade não é boa qualidade para as estátuas.

Luís Aseokaynha
Enviado por Luís Aseokaynha em 03/05/2017
Código do texto: T5988590
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.