Dez Vidas
O corpo acalma,
Como se dormisse
Lança fora a alma
Como se não mais existisse
Se levanto-me ao voo
Meu corpo morre
E de tudo me perdoo
O céu azul me acolhe
Ma logo logo volto
Como um espectro
Que a libido perde,
N'um dia desses de voo
Perdi o ceptro
Ninguém intenderia
Se eu dissesse tudo.
Meu corpo inerte...
Não me despedi,
Deixei as chaves sobre o criado-mudo
Abram as portas
E me vou nas tempestades
E meu sorriso sempre foi novo
Minhas asas batem sobre as cidades
Perdi uma aldeia, mas reconheço o meu povo
Não vês nada novo, assim é,
Meu corpo pálido parece cera
Isto é meu mundo, um princípio
Não escolhido, e sem fim
Compreenda
Agora tente, ainda que não entenda
Algumas ausências do desejo,
No meu corpo etéreo é senda
Se o despudor apaga
A luz dos céus acendem
E minha alma traz a adaga
Sem cortes em mimhas dez vidas
Que transcendem