Acalento
O prato frio da vingança
se desfaz mais uma vez
ante fuga e andança
de saltimbancos nonsenses
de alta sensatez
vejo a vida e os meses
aos escárnios poéticos,
a ela o fim definitivo
de acessos extremos
de ligantes disestésicos,
a mim o resgate vivo
do que seremos e somos,
filhos queridos, reflexos
que inspiramos em nós mesmos
a fingirmos dislexos,
matreiros... vencemos
dor, solidão, medo,
desvendamos segredo
que estava contido
feito chave e fechadura
amanhã acordo cedo
a pensar na candura,
presunçoso e sedento,
e, então, me aguento
no auge da derradeira
vez em que ouço e repito
minha história inteira
e a mostro o que quero e sinto
na mais verdadeira
expressão de acalento...