OPUS 94
A mulher sonhou que era um pavão
Que transava com o pagão
E ficou grávida de um bebê ancião
E esse bebê só conversava com faisãos
E esse faisão se achava jovem galã...
Ó como ser virgem causa doce fascinação.
Essa mulher comeu muita cobra
E sem querer vomitou a sogra
Dessa sogra ela plantou uma horta
Que amanheceu morta
E cheia de barulheira das focas
Pois o amor é conto bobo de morça.
Sonhos do mundo imerso no diabo
Todos se matam com páu
E na boca engolem oceanos de sal
Pensando os seres ser tal
Na verdade todos somos mau
Deus a humanidade disse: tchau
E desse adeus explodiu o tao
De uma Nova Era só mesmo de pobre cau.
Da cabeça do padre mora mil muriçocas
E dentro da sua boca o grilo soca
A agulha do rato podre numa roca
De todos os sonhos saem coelhos da toca
Como erva da maldita coca
Do fedor do político de bosta
Que a sociedade joga torta
Com alegrias de esfolada corça
Que fumou a primeira droga...
Tudo neste planeta a mentira nos rouba.
Mulher de asa negra e horrorosa é você
Tudo nos meus sonhos você destrua ou me dê
Não quero saber mais do hoje e porquês
Só basta neste viver nós ser
E tudo no coração por imbecibilidade perder
Os anjos na vereda de sangue faz viver
Poder na realidade das coisas é querer
É olhar pro céu azul e sempre aprender
Até não mais neste escrever enlouquecer
Sinta a canção no cosmo e vê
A felicidade existe apenas nos bebês...
Nasceu o anti-Cristo o grande dragão
Com ele vem milhões de chefes cão
A humanidade não verá destino é futuro de decepção
Tudo será na boca e na cama vão
Todos pulem deste país num precipício
É o fim e eterno não
Pois os anjos do Inferno aplaudem o ladrão
As mulheres sentem primor tesão
Quem no além dos sonhos teus terá paixão...
Ou mesmo minha em ti compaixão...
É o assassinato do homem é da mulher
Na era de góticas trevas da cruel sensação.
Nos dias apocalípticos de um luto
No aconchego de uma verde murta
Sobre o sol e a lua na tua nuca
As crianças apedrejaram a inocência da cuca
Esse poema de uma frase nua
Eu estou adentrando o "Paraíso" o lilás Paraíso
Em Ísis e muitos silvos
De anjos ruivos
Venustos anjos
É serena e garbosa manhã
Veja meu amor o vômito da primavera
As chagas podres do verão
O sufocar do impiedoso inverno
O outono... Existe outono meu amor?
O poeta está feio e morto
No fragrante do abril horto
Banhado em mel feito a Fênix num aborto...
Nas histórias do pobre corço
para todo o sempre em ti serei.