Beijo Lúgubre

Corte na língua

De comprido

Ao palato oblíquo

Lâmina curta,

Sangue esguicha

Sede de mim

Se-de por mim

Beijo lúgubre,

Encanto,

Dor e Sabor

Injeto em ti

Meu torpor

Em meus braços desfaleces

Suave, alva, magmática

Torvelinhos emolduram

Minhas mãos cravejantes

Em teu rosto lívido

Tu és minha

Mas teu sangue é minha morte

Um antídoto à minha sorte

Te libertas de mim

Seco em cinzas enquanto despertas

Ajoelhada, vê-me em último suspiro

Descubro, enfim, o amor visto em teus olhos

Enquanto encerro o meu destino

Hoje, teus olhos rubros

Vagam vazios como os meus

Passeando entre a bruma

Aquecida por minha chama

E um gosto de sangue

Que escorre em sua alma.

Marcelo Catunda (03/04/2017)