ilustração: uma aquarela de Anneli Olander


Exposição
 
As cores da aquarela eram cores magoadas,
Havia imensos nãos entre a palheta seca
E as tintas aguadas.
O pincel tocava as cores que dormiam, caladas,
Entre as nervuras rachadas.
 
Não havia água.
 
O sonho e o desejo permaneciam mudos
Sobre a tela branca que ninguém pintava.
Quadros jaziam sobre as paredes nuas,
O anseio dos olhos não passava pelos corações,
Não transportavam as emoções caladas.
 
Havia um grito preso que queria ser,
Havia a ansiedade de nascer...
-Mas como, sem um berço, sem caminhos, sem estradas,
Sem cores só as telas brancas, que não traduziam
A dor presa no ventre, que quase matava?



Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 03/04/2017
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