Realidade Em Um Cenário
Ela fecha os olhos e monta
o seu cenário em preto e branco.
É um palco de teatro com uma
cortina gigante vermelha.
Há várias cadeiras, porém
só um expectador que,
propositalmente, foi posto lá.
Ele está sentado com a mão no queixo,
observando a figura à sua frente.
Os olhares que se encontram,
faz seus corações, ficarem acelerados.
Mas o silêncio cala as palavras
dos sentimentos que querem ser demonstrados.
Ela tira um papel do bolso e começa
tentar entender suas próprias letras.
Ao soar de uma música com voz e violão,
ela recita os versos com os olhos no chão.
"Violetas são azuis, rosas são vermelhas.
Diga logo que sim, se não arranco suas orelhas!".
Ele para por uns longos cinco minutos no tempo,
e começa raciocinar.
Depois sorri daquela maneira que ela ama apreciar...
-Ai meu Deus, sua louca! - diz pra si mesma, suspirando fundo.
Ele sessa as gargalhadas com aquele comentário,
dizendo, "você é engraçada".
Escutando aquilo, suas bochechas coram,
seu coração dispara e, então, o responde.
-Não olha assim pra mim! - por um instante
cobre o rosto com as mãos.
O silêncio volta a calá-los, mas seus olhares
estão em comunicação.
Quem vê sabe o querem dizer.
Quem vê sabe o que está a florescer.
Ela desce as pequenas escadas do palco
e caminha até a sua direção.
Senta ao lado dele e em seus olhos
começa prestar atenção.
Olhos que demonstram o quanto acham
o batom vermelho à sua frente, lindo...
Ele diz "tenho que ir". E ela pergunta "já?".
Neste momento tenta beijá-lo,
mas de sua boca, seu rosto, ele está a se desviar.
A melodia triste da música se torna intensa,
enquanto ele sai andando entre as cadeiras da plateia
e some porta a fora.
Sua presença lhe faz falta e,
novamente decepcionada,
abre os olhos desistindo de sonhar acordada.
Mas abertos ou fechados,
o que almeja ainda está no ar...