Sonhos e Pedras - LXIII
.. não temo mais
as frias noites
nem mesmo os
enigmáticos dias
sem sol ou
tempestuosos;
não temo
mais o deserto
em que habito,
tampouco as
ausentes nuvens
das compassíveis
ilusões inexistentes;
não temo
mais o infindo
e insistente inverno,
muito menos os riscos
e tormentos dos ignescentes
verões passageiros;
não temo mais
as voláteis promessas
soltas em estouvados
leitos estólidos,
nem os gritos
perdidos nas mais
torpes ventanias,
não temo mais
os álgidos verbos
das imaturas bocas
que se perdem em
suas lacunas ominosas,
sequer os alheios pensamentos
nefandos ora silentes ora
em tempestades,
mas ainda temo
(embora negue)
- pelo seu desdenhoso frio
em negar o que fomos
quando havia sol fora
de nosso leito, às escuras!