Sonho de Poeta

Deslizo pelas sombras projectadas

da floresta envolta de prata do luar,

elevo-me dos vales às montanhas,

aspiro odores envolventes de pinho

e das flores silvestres do mato.

Atentam-me as vozes das ninfas

dos bosques em seus véus de seda

que me encantam e me prendem

em seu doce abraço de donzelas.

Navego entre mares de tormenta,

espicaçados por ventos uivantes,

e as ondas teimam em derrubar-me

no seu seio como mortalha de agonia.

No esplendor da beleza, socorrem-me

sereias donzelas cantando melodias

que serenam os mares enfurecidos

e pousam-me em seus leitos de algas.

Voo, nos anises celestes, atapetado

por nuvens em seus castelos errantes,

sou um ser alado de difícil definição,

mais leve que as vestes das aves.

Plano nas brisas suaves dos ventos,

evoluo sobre mim mesmo para o sol

me aquecer do gélido éter superior

e, se me fatigo, anjos me sustentam.

Nas profundezas da terra eu escavo

mil túneis entrelaçados dos tesouros

mais sumptuosos de metais nobres,

diamantes, safiras, quartzos e afins.

Penetro em céus e infernos em fogo...

Ouço as sátiras do demo e solto o riso,

cortejo fadas, trajadas de branco e oiro,

e bruxas desgrenhadas de tons carvão.

Sonho? Sonho! não me fujas assim,

não me despertes desta madrugada,

que me inebria os sentidos e de paz

me sacia a minha alma faminta.

Sonho! Por favor, piedade, não vás!

Não me lances à vida soturna e vil

de amores perdidos, das traições...

Sonho! Desejo-te! Ah, despertei...

Leia mais: https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=304181 © Luso-Poemas

Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 04/03/2017
Código do texto: T5930735
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.