Poetas Refugiados
Uma pedra atirada rasga a escuridão
e ateia o fogo de nossa redenção à clareira aberta na mata que abriga os milagres da comunhão sem o pão
Pois o fermento foi esquecido há tempos
Sento-me a olhar as brasas na fogueira
e o temor não consome meu juízo final
Daqui vejo os navios piratas,
mausoléus dos poetas fugitivos
Passei pelos sois como raios de fogo
E estrelas moribundas caíram do céu nas folhas secas arrastando mistérios num jogo furioso que aos poucos abranda
Estrelas em emissão de luzes caem em reverso saltitando no fundo do riacho e o vazio carrega as plumas atiradas ao vento como pedras
A brisa leve me espanta as travessuras
e traz favos de mel bebidos com a mesma sede da água das nascentes puras...
Caminho nos atalhos deixados
em outras passadas nesta mesma trilha
sem amargura ou sonhos mal sonhados... Sonho.