Breve historia de amor e morte

Era eu ...

Andrômeda fugindo do caos,

com os pés derretidos;

os braços nus,

quando do infinito ecoou a Dona luz.

E ela ..

ergueu-me com suas luvas de cereja,

as vestes escorregadias,

molhadas de Sanidade Santa .

Pelos meus pulmões ,

ia e vinha seu hálito de cerveja.

E ela ...

deflorou-me a alma ,

com suas juntas de algodão;

embriagou-me os lábios com suas

lágrimas de açafrão.

E ela...

prendeu- me aos seus quadris;

por sob minha pele,

atou ganchos de metal.

Seu peito ..

Meu leito ..

Suspiro afogado em sono mortal.

Os gritos dela ,

feitos com a mortalha do natal.

E ela..

desandou-me os sonhos,

pôs -me onde só lhe havia;

seus lamentos , sua dor.

Lembrou- me o Falecido Senhor,

no dia em que estava aos prantos;

após ter perdido Maria

para o deus pecador.

E ela..

fitou- me raivosa;

suas mãos parabólicas,

endureceu-me os olhos;

o tecido leve sobre minha face ,

sufocou-me ;

com sua força surreal , diabólica.

E ela..

cegou -me paladar ,

cobriu-me com o fel das abelhas;

afogou- me nas nebulosas,

depois , tirou- me pelos cabelos ;

das ondas vermelhas.

E ela ..

deixou -me na praia a esmorecer,

Chorava de dor ,

Gritava de paixão;

mas a face era dura, incolor;

minha alma em suas mãos ,

sucumbindo em pavor.

Minha matéria dissolvia-se na areia

enquanto ela , belíssima , ia embora ,

mas antes disto,

rogou me a morte

com seus lindos lábios

sangrando amor.

Rebeca Maron
Enviado por Rebeca Maron em 20/02/2017
Reeditado em 14/05/2018
Código do texto: T5918049
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