Breve historia de amor e morte
Era eu ...
Andrômeda fugindo do caos,
com os pés derretidos;
os braços nus,
quando do infinito ecoou a Dona luz.
E ela ..
ergueu-me com suas luvas de cereja,
as vestes escorregadias,
molhadas de Sanidade Santa .
Pelos meus pulmões ,
ia e vinha seu hálito de cerveja.
E ela ...
deflorou-me a alma ,
com suas juntas de algodão;
embriagou-me os lábios com suas
lágrimas de açafrão.
E ela...
prendeu- me aos seus quadris;
por sob minha pele,
atou ganchos de metal.
Seu peito ..
Meu leito ..
Suspiro afogado em sono mortal.
Os gritos dela ,
feitos com a mortalha do natal.
E ela..
desandou-me os sonhos,
pôs -me onde só lhe havia;
seus lamentos , sua dor.
Lembrou- me o Falecido Senhor,
no dia em que estava aos prantos;
após ter perdido Maria
para o deus pecador.
E ela..
fitou- me raivosa;
suas mãos parabólicas,
endureceu-me os olhos;
o tecido leve sobre minha face ,
sufocou-me ;
com sua força surreal , diabólica.
E ela..
cegou -me paladar ,
cobriu-me com o fel das abelhas;
afogou- me nas nebulosas,
depois , tirou- me pelos cabelos ;
das ondas vermelhas.
E ela ..
deixou -me na praia a esmorecer,
Chorava de dor ,
Gritava de paixão;
mas a face era dura, incolor;
minha alma em suas mãos ,
sucumbindo em pavor.
Minha matéria dissolvia-se na areia
enquanto ela , belíssima , ia embora ,
mas antes disto,
rogou me a morte
com seus lindos lábios
sangrando amor.