NADA DE NOVO

Nunca visitei Nova York.

Nova York não existe.

Ela é um ponto de luz

na foto escura do planeta,

um retrato de calendário,

o filme na tevê,

e minha palavra contra a tua,

que afirma conhecer a cidade

ter andado pela quinta Avenida,

visto esquilos no Central Park.

(Nova York não existe.

E sua inexistência é substrato daquilo que concebo,

teias de aranha em cantos que asseio).

No litoral da Bahia

reparo um Baiacu oculto nas pedras

e penso:

“O Baiacu existe!”

Se ele não estivesse na minha frente

não seria o peixe.

Seria uma ideia balão,

uma caricatura,

uma imagem no filme da tevê.

A cidade de Nova York não existe,

presumi que existia,

ludibriado pela luz

da imagem televisiva.

Isto foi antes de ver certa lua cheia,

- brilhava mais do que as luas

dos últimos 60 anos -

e pensar:

“O satélite não se incomoda com Manhattan,

com a Times Square

e ele se garantiu mais ainda

porque eu o descobri.

É outro baiacu luminoso

no oceano do universo"

Nova York não tem coberturas

não testemunho luzes, mas faíscas.

Deve sobrenadar aqui uma nervura,

que se esconde depois

atrás de pedras vaidosas.

Deve surgir ali estátuas bizarras,

onde nada se parece com ruas.

e se há transeuntes,

eles saem de um metrô

de estações aparentes.

Paulo Fontenelle de Araujo
Enviado por Paulo Fontenelle de Araujo em 01/02/2017
Reeditado em 27/05/2022
Código do texto: T5899815
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