A nebulosa ocular
fazia-me adentrar
ao seu universo particular,
inexplorado,
recôndito.
Misterioso.
E no silêncio impávido,
sentia-se o perfume
das palavras pensadas,
incensadas,
queimadas pela memória
e resignadas nas cinzas.

A nebulosa do olhar
fazia-me admirar 
a estra geometria
e a trigonometria dialética
de pausas, parágrafos e
rimas insuspeitas.

Havia uma inércia suspensa, 
uma física quântica,
uma química imaginária
jorrando na realidae concreta,
átomos contaminados
de saudades.

A nebulosa da íris
centrava-se em um foco,
contorsia-se em nuances
inacreditáveis
do castanho ao negro.
E trazia ao cerro
a sombra de sua presença
impressa no ar.
A coloratura de 
sua voz...

A nebulosa desenhava enigmas.
Os olhos os decifravam 
írritos
transformavam equações
em inequações,
e a poesia em mera
dízima periódica.

Que nos ilumina olhos a dentro.
Poros a dentro.
Sentidos a dentro.
E, saem por nossas vidas,
em suor,
versos ou
despedidas.

A nebulosa arranhava o universo.
Com traços lacrimejantes.
Gotas de alma exaurida
Chuvas de sentimentos berrantes.
Cicatrizes degradantes.

Há a presença exata
do improvável.
O desperedo do acaso.
A certilha da genética.
A trama cerúlea da história
E, a poesia espalhada
pela rosa dos ventos,
na calmaria da prosa.


Constelações infinitas orbitam 
em torno de trevas.
Trazem-me apenas
 o contorno verossímil
do que há
ou apenas existe.

Mas ainda existe 
aquilo que não posso ver,
aquilo que não posso entender,
Seja em extensão e profundidade.
Seja em dimensão e velocidade.
Como as nebulosas de seu olhar.
 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/02/2017
Código do texto: T5899715
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