MEIA-NOITE SOMBRIA

O cão negro uivava

Insistente e melancolicamente

No alto da colina

Iluminado pela pálida

Fantasmagórica

Luz lunar.

Um gato também negro

Faminto e solitário

Pulou de um telhado a outro

Chegou ao campanário

Mórbido, arruinado

Da igreja envelhecida.

No relógio antigo

Pendente de restauro

Soou a última badalada: meia-noite

Hora de partir

Sorumbático, errante

Em busca da subsistência.

Sedento, afoito

Me metamorfoseio

Novamente, costumeiramente

Em esquálido e asqueroso morcego

Busco sangue de donzela, virginal

a sonhar com o primeiro beijo.

*Poema selecionado no Concurso Nacional Novos Poetas

** Publicado na Antologia Poética Sarau Brasil 2016, da Editora Vivara

Raphael Cerqueira Silva
Enviado por Raphael Cerqueira Silva em 08/01/2017
Código do texto: T5876061
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