MEIA-NOITE SOMBRIA
O cão negro uivava
Insistente e melancolicamente
No alto da colina
Iluminado pela pálida
Fantasmagórica
Luz lunar.
Um gato também negro
Faminto e solitário
Pulou de um telhado a outro
Chegou ao campanário
Mórbido, arruinado
Da igreja envelhecida.
No relógio antigo
Pendente de restauro
Soou a última badalada: meia-noite
Hora de partir
Sorumbático, errante
Em busca da subsistência.
Sedento, afoito
Me metamorfoseio
Novamente, costumeiramente
Em esquálido e asqueroso morcego
Busco sangue de donzela, virginal
a sonhar com o primeiro beijo.
*Poema selecionado no Concurso Nacional Novos Poetas
** Publicado na Antologia Poética Sarau Brasil 2016, da Editora Vivara