Marcha fúnebre
Em meio nesse lugar.
Onde enterramos sonhos e esperança.
Caminhamos em fila.
Carregando um caixão...
Em meio ha chuva que cai devagar e triste.
O barro que suja as barras da calça,
O peso do caixão.
E a falta da pessoa que se foi...
Olho para o chão.
Mesmo me sentindo sem o mesmo.
Tudo foi em vão...
Seguimos como corvos.
Atrás da grande fortuna.
De meu pai...
E a ultima gota de chuva cai.
Então erguemos nossas cabeças.
Sem saber o que dizer.
Eu estou ali com ele...
Grande rei ele foi.
Honrado pai de família.
Vencedor de muitas guerras.
Tentei seguir seus passos.
Mas não sou uma pessoa boa...
Sinto uma sombra.
Em meu coração.
Tudo que meu pai sempre temeu.
Sinto desaponta ló...
Todos pensam em grandeza.
Eu só queria queimar todos.
Sentir o cheiro de sua carne interesseira queimar.
E se levantar como um tirano...
Destruir sem pena.
Deixar esse mal que me atormenta sair.
E falar por mim...
Mas meu pai.
Não iria gostar disso.
Vejo o escuro se aproximar.
Ele dança e provoca...
Chama-me para brincar.
E ver o terror que tanto quero.
Estou louco por destruição.
Sou doente...
Mas é tudo tão doce.
A agonia.
O medo no olhar de cada um.
Poder ser livre...
Peço perdão ao meu pai.
Que tudo fez para me manter longe disso.
Isso é mais forte que eu.
Já não posso controlar...
Por direito sou o novo rei.
Sinto algo crescer em mim.
Seria minha loucura?
Tanto faz.
Quero guerra.
Destrua tudo em nome do rei,
Queime, queime até os ossos...
Meus irmãos tem medo de mim.
Minha mãe reza por mim.
E eu, destruo tudo em minha frente...
O vale da morte.
É meu reino.
Diferente do meu pai.
Que sempre foi bom e gentil.
Sou um monstro...
O sangue molha o chão.
Tudo que vejo é prazer.
A espada é cravada bem no fundo.
Sinto me vivo...
Há anos atrás.
Meu pai me bateu.
Por dizer que devíamos queimar todos.
Apanhei em silencio.
Pois respeitava meu pai...
Embora nunca quisesse proteger ninguém.
Como meu pai fazia.
Sempre o herói do povo.
Só queria matar todos...
“sempre ajude quem precisa
Um dia eles iram te ajudar”.
Não foi isso que aconteceu.
No dia em que invadiram nosso castelo.
Ninguém ajudou meu pai.
Pude ver a decepção em seus olhos...
E assim o inimigo.
Fez meu pai em pedaços.
O mesmo pai que ajudaria o inimigo...
A dor da morte anda comigo.
Eu a carrego para sempre.
Diferente de meu pai.
Eu escolhi o escuro...
Hoje esses inimigos.
São meus prisioneiros.
Estão longe da luz.
O Deus deles não pode ajudar...
Então mostro o quanto sou mal.
Horrorizados eles estão.
Chamam-me de demônio.
Eu até gosto...
Com violência e morte.
Escreverei a historia de meu reino.
Antes pacifico agora a própria morte.
Esse é meu reino...
Diante do tumulo de meu pai estou.
Com vergonha das minhas decisões.
Ele nunca iria entender...
Tentei meu pai.
Não sou bom como tu eras.
Sou do escuro.
E sempre serei...
Mas saiba que me lembro.
De todas suas lições.
Lembrança de criança...
Mas para mim não funciona.
Declaro guerra contra o mundo.
E surpreso estou.
Em ver que ele não pode me vencer...
A grande tempestade cai.
Com sua melodia macabra.
O vento sopra como um violino.
Os gritos são o coral...
Tudo ia bem.
Até uma flecha me acertar.
Vi meu exercito me abandonar.
Eles tinham medo de mim...
Surpreendido eu fui.
Ao ver que o arqueiro.
Era um garoto como eu era na infância...
Seguindo as ordens do pai.
Como eu fazia.
Esse momento estranho.
Para mim e para ele...
Aqui estou me afogando em meu sangue.
O garoto feliz em agradar o pai.
Triste estou por não poder fazer o mesmo.
A luz de minha vida me deixa lentamente...
Espero não ir para o paraíso.
Não terei coragem de olhar para meu pai.
Prefiro o escuro.
Que me conforta e completa minha loucura.
Aqui nesse jardim escuro.
Onde agora o caixão é meu...
Cristiano Siqueira 30/12/16