Filhos do Sol

Filhos do sol, ecos do cosmo

- Amem, queimem, sangrem!

Filhos do sol, veios do tempo

- Infrinjam, mintam, sintam!

Devolvendo às noites estelares

Desejos e dejetos, restos e decretos

Tal qual nos legou a genitora poeira

Rasgando celeste manto, infindos quasares

É preciso admitir-se menos que inseto

É preciso sentir-se menos que verme

Ao pó, opulência, orgulho e sapiência

A vida, envolta não chega em prospecto

Filhos do sol, vigores do fogo

- Açoitem, matem, pilhem!

Filhos do sol, feitores do aço

- Destruam, extorquam, seduzam!

Uma vez aberto o círculo da vida

O arquiteto de todas as ilusões

Lança os implacáveis dados da morte

Acordar preciso foi a coragem reprimida

Destilando ganância em brilho diamântico

Murmúrios da criação, eis os ástricos reflexos

Pouco adianta fugir em atalhos de anos-luz

Tua natureza almeja sempre êxtases tântricos

Filhos do sol, cinzas da terra

- Assassinem, rapinem, torturem!

Filhos do sol, párias da morte

- Colidam, extingam, transgridam!

Ascendendo ao limbo do esquecimento

É o que resta, findo o império da soberba

Alimento das bestas, vidas em repugnância

Sob o luzir de dádivas passadas do firmamento

Os desejos apagam as luzes

Como veleiros singrando os mares

Chegam das nuvens preços da imortalidade

Buscam na terra espaços a novas cruzes

Filhos do sol,

Filhos do sol,

Filhos do sol,

Filhos do sol...

Isaque
Enviado por Isaque em 26/11/2016
Reeditado em 26/11/2016
Código do texto: T5835903
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