Filhos do Sol
Filhos do sol, ecos do cosmo
- Amem, queimem, sangrem!
Filhos do sol, veios do tempo
- Infrinjam, mintam, sintam!
Devolvendo às noites estelares
Desejos e dejetos, restos e decretos
Tal qual nos legou a genitora poeira
Rasgando celeste manto, infindos quasares
É preciso admitir-se menos que inseto
É preciso sentir-se menos que verme
Ao pó, opulência, orgulho e sapiência
A vida, envolta não chega em prospecto
Filhos do sol, vigores do fogo
- Açoitem, matem, pilhem!
Filhos do sol, feitores do aço
- Destruam, extorquam, seduzam!
Uma vez aberto o círculo da vida
O arquiteto de todas as ilusões
Lança os implacáveis dados da morte
Acordar preciso foi a coragem reprimida
Destilando ganância em brilho diamântico
Murmúrios da criação, eis os ástricos reflexos
Pouco adianta fugir em atalhos de anos-luz
Tua natureza almeja sempre êxtases tântricos
Filhos do sol, cinzas da terra
- Assassinem, rapinem, torturem!
Filhos do sol, párias da morte
- Colidam, extingam, transgridam!
Ascendendo ao limbo do esquecimento
É o que resta, findo o império da soberba
Alimento das bestas, vidas em repugnância
Sob o luzir de dádivas passadas do firmamento
Os desejos apagam as luzes
Como veleiros singrando os mares
Chegam das nuvens preços da imortalidade
Buscam na terra espaços a novas cruzes
Filhos do sol,
Filhos do sol,
Filhos do sol,
Filhos do sol...