Boneca de pano

Do fundo da gaveta ela vem,

Uma boneca de pano,

Com muitos sentimentos,

Revoltada pela gaveta...

A lua ilumina sua senhora,

Uma antiga bruxa impiedosa,

Que tenta a todo custo uma cura...

Do terror da noite a boneca de pano anda,

Caminhando entre monstros e demônios,

Ela esta com esperança de achar a cura...

E no fim do corredor ela vê,

A ignorância da ciência e mágica,

Todo torto como uma aberração,

Prestes a morrer...

A pequena boneca,

Que outrora dormia com uma inocente garota,

Hoje foi escondida pela mesma,

A inocência ficou caro...

Vendo suas costuras,

Sentiu raiva,

Pressa em uma boneca,

Para sempre e triste...

O ódio só cresceu,

A boneca aprendeu falar,

Demonstrar seus sentimentos,

A fantasia chegava ao fim...

Em sua espuma ela tinha vingança,

Em seu jeito de brinquedo,

Ela olhava...

As noites frias,

A triste visão pela janela,

A agonia da neve...

A pobre boneca,

Carregava uma faca,

Sem pensar,

Cortou a garganta das crianças,

E toda vila chorou,

Um velho disse,

E ninguém escutou...

No frio ela caminha,

Como um fantasma,

Perdida como uma tola,

Mas perigosa...

O vento sopra,

Palavras de ódio,

E ela olha para lua,

Encantada como uma criança...

Diante de tamanha,

Violência,

A pobre boneca,

Queria um baú...

Escondida nas sombras das velas,

Ela caminha,

Sem saber para onde,

É só uma boneca...

Olhando fixamente para o escuro,

Ela pode ver,

Um exercito de marionetes,

Homens sem almas,

Apenas obedecendo ordens...

Correndo como uma boneca louca,

Para a escuridão,

Que parece receber todos,

É uma mentira...

Por anos a boneca viu,

Jovens caminharem aqui,

E nunca mais voltarem,

Seu comandante é um mentiroso...

E essa dor de olhar para o escuro,

Ver tolos e tolos,

Caminharem para nunca Mais voltarem,

A pequena boneca olha para a janela,

E tudo que vê,

É pessoas cegas pelo medo...

Seu corpo quer ser livre,

Para grande lua ela olha sem esperança,

Então sem paciência,

Para floresta ela vai...

Seu corpo pequeno,

Quer crescer,

Quer os prazeres da vida,

Quer ser desejada...

La longe na montanha,

Ela se masturba,

Ela quer ser mulher,

Ali sobre a lua negra...

A pequena boneca tem ambição,

Quer ser de carne e osso,

Mais carne para ser excitante...

Na noite que as velas se apagam,

E os cachorros se calam,

O céu parece limpo...

La no fundo da sujeira,

Uma boneca de pano,

Tenta ser humana,

Com dor e sofrimento...

Olhe no fundo da rale,

Onde suas luzes não podem ver,

La no fundo do lixo,

Ela cresce como uma criança...

Esse é o medo,

Ganhando forma,

Muitos abusaram da boneca,

Agora ela é real...

Olhe para ela,

Sem brilho nos olhas,

Apenas ódio,

Ela caminha entre-nos...

Seu caminhar é medonho,

Como uma criança do escuro,

Olhando em nossos olhos...

O céu se fechou para os humanos desta vila,

Os deuses viraram as costas,

O doce da carne frágil,

O medo que assombra...

Nossa vila fica no fim do mundo,

As crianças,

São nossas e ninguém vai ver,

Exato aquela boneca...

O vento sopra,

Mais forte que o normal,

Algo esta errado...

Vejo tudo ir pelos ares,

Um enorme furação se aproxima,

Todos correm como covardes...

Então vejo,

Aquilo que seria impossível,

A boneca esta andando...

Suas costuras viram carne e ossos,

E ela esta brava,

O furação parece esperar ela,

Ela quer ver nossos olhos...

Como covarde que somos, corremos,

Em vão, ela esta em todos os lugares,

Ali parada com olhos frios,

E um sorriso torto...

Então a tormenta cai sobre nos,

E assim, só assim,

Podemos vela caminhar,

Com sua faca...

Sua lamina tem sede,

E ela não pode controlar,

Corpos são despedaçados,

Olhos arrancados...

No fim da noite,

Estou,

Todo cortado,

Ela esta aqui...

Infelizmente ninguém acredita em mim,

E sou internado,

Pobres humanos,

Estão condenados...

Assim como eu,

Preso aqui com uma boneca de pano,

Espero pelo dia que ela me esfaqueie dormindo...

Cristiano Siqueira 21/11/16

cristiano siqueira
Enviado por cristiano siqueira em 24/11/2016
Código do texto: T5833906
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