Torto olhar
Sem querer tirar os trilhos do trem
Vivo inventando pontes e cabides.
Construo uma estrada insegura
Para que a emoção fique presa lá.
Cada minuto é uma descoberta.
Eu estou aqui e logo estou ali
Aqui também é meu lugar.
Caibo no bolso de teu pensamento
E me encaixo no abraço que sobra
Embaixo do meu gelo está um rio
Um cantar abafado pelo beijo não dado
Um olhar que nem disfarça o desejo
Que tua retina teima em não mostrar
Eu quero o mais indecente segredo
Que de tão simples pensas que se foi
Nada se perdeu meu querido
Nem tua inocência e nem a minha.
Ainda estamos engatinhando
Em busca dos sentidos que achamos
Perdidos na estrada da busca infinita
Do prazer de alguns segundos
Nas tardes que nem são nossas
Nos instantes que roubamos de alguém.
Fique com as lembranças então
E eu vou guardar as pedras que ganhei
Sem que ninguém me perceba
Saio e deixo a porta encostada
E da janela olhas o que sobrou
De alguém que nunca existiu
Da sombra que não desbotou