Um dia, um peso profundo

"E que sejamos apenas a humilde, a humilhada luz,

que tanto defenderemos

desse vento, dessa noite, desse peso brutal do mundo em que

vivemos"

(Cecília Meireles)

Nem corvos são. A ave que não tem consciência

por força da divina criação.

Nem grama - a sagrada grama que se reconhece alimento,

campo sagrado, pele da terra...

Quem são esses que se apoiam sobre ombros

que já carregam pedras suficientes?

Quem são esses cujas línguas ferem a força dos homens de bem,

esses odiosos fundos de olhos que só enxergam na noite

escura e densa dos seus próprios pensamentos?

Longínquas viagens dos sonhos fazemos.

Para afastar-se desse plano mendigo e silencioso,

tantas vezes sem direito a ouvir

o canto por onde voar a alma.

Na esperança, volveremos o olhar ainda

para Aquele que é sol e tempestade,

e sempre deixa entreaberta Sua porta

para o despertar da consciência.