Aníbal
"Apodreçam-se de deuses as mantas
Desçam-se ao mar as montanhas
Afogue-se em mim da vida o sopro
Mas acesa mantenha-se a pira da vingança!
Ódio somente ao inimigo, ó pai, juro-te
Firmando pois, em rito de sangue, eterno elo!"
Soam os tambores do combate
Ecoam gritos de fúria
Já não há barricadas
Já não há fortalezas
Descendo a colina
Rasgando o horizonte
Morte em campo aberto
Hordas urram
Hordas bramem
Pela terra!
Pela honra!
Pela glória!
Guiamos infernais feras
Devastamos vivas florestas
Celestes montes alcançamos
Suportando o frio
Abraçando o fogo
Infindáveis noites marchamos
Pelo espólio!
Pelo ouro!
Pelo Sangue!
Eis a oportunidade
Para igualar o inigualável
Alma bárbara que mastiga a dor
Alma bárbara, és resistência
Tormenta incessante na noite
O inimigo monta a própria coragem
Em marcha sob o luar
Encontram-se as bandeiras
Chocam-se as colunas
Selam-se os destinos
Contra a neve tombamos
Fecham-se as tropas em arco sufocante
Levanta-se o pó da história
Deuses do aço e do sangue
Eternos campos de rubro luzir
Eternos sacrifícios em sangue insculpidos
Sob a sombra do cajado da morte
Finca-se o último estandarte
Ao mando de deuses saudamo-vos
À hórrida peleja da aniquilação
Buscamos as vozes
Buscamos as faces
De todos os deuses caídos:
Escuridão, única resposta
Eis então tamanho abismo
Insuficiente a tamanha ruína
Sufocam-se os ganidos por misericórdia
Crueldade, real preço da disciplina
Sem tempo para escolhas
Sem tempo para a fé
Enegreça-se a esperança
Antes que se abalem os pilares em Cartago
Eis a era da verdadeira maldição
Ao dia em que viram a luz tantos nascidos