VENETA
De veneta,
vejo o vento,
vejo Marte,
vejo Vênus,
vejo um mártir,
vejo o mundo,
vejo tudo!
Sem mistérios
ou soluções:
Eu apareço.
E há um excesso de mim
quando vejo no espelho.
Sorrio.
De veneta,
sou o que dá na telha
e pronto e pulo!
De veneta,
essencial!
Pensar local;
ecumenismo global!
O futuro não está na palma
dessas mãos indelicadas.
Será?
De veneta,
não!
Sou Tom Zé,
Napoleão!
Acredito no silêncio de um dia inteiro,
Na promoção de toda calma.
Tenho a paisagem como linguagem
primeira.
De veneta,
Veja:
sou temperamental,
lendo Caras,
vendo Época,
lendo,
vejo tudo!
Seqüência inexata
de todo tempo
remetido
à secura desses olhos
tão despertos.
De veneta,
tenho asas.
Como cebolas
e as suas cascas;
maçãs aceboladas;
macieiras mentoladas.
Sempre falho
no momento certo
e enlouqueço por não saber.
Nem por isso frágil,
muito menos ágil:
sem seguro,
deixo estar.
De veneta,
não tão táctil...
* ESCRITO EM PARCERIA COM À POETISA MARIA ROSA SELVATI MARTINS.