UM E OUTRO
Eu busco em mim
o que há no outro de bom
e procuro imitá-lo no ser
mais evoluído e consciente.
Eu busco no outro
o que há em mim de mau
e procuro retirá-lo do ser
menos instruído e descrente.
Eu me olho no espelho
e vejo outro reflexo
de alguém que foi velho
e, agora, vê-se novo e complexo.
Todavia, sou eu mesmo
dentro de mim, no outro;
um espectro ausente
num corpo efêmero e louco.
Onde estou Eu agora?
Em que dimensão me encontro?
A realidade é outrora
uma árvore sem tronco.
Pedra, pedra, pedra...
sem alma?
Provavelmente não,
já que também és mortal.