VINHOS PROFUSOS

Cones avermelhados

Passeiam pela sala,

E o sofá me embala

Num poema de Bell.

A taça tinta um vinho,

De saudades, retinto,

Que eu a sorvo e sinto

Os teus beijos de mel.

Rodeiam-me violões

Tão plangentes de sonhos,

Dedilho-os tristonhos

Minhas claves de dó.

Entre compassos surdos

Passeiam em segredos

Cada um dos teus dedos

Sobre um corpo tão só.

No vazio da garrafa

O teu corpo aparece,

No poema ele cresce

Sobre mim se atirando.

Vejo coisas tão lindas

Com o vinho sorvido,

No teu corpo despido

Duas taças vazando.

Oscar Wilde – permita:

Fizeste grande fiasco

“ao ver coisas no frasco”,

Eu as tive nos braços.

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 28/09/2016
Código do texto: T5775336
Classificação de conteúdo: seguro