CABRAL

Fala-nos a verdade, você chegou aqui como?

Foi sem querer ou você já sabia Pedro?

Precisamos conhecer nosso enredo.

Aprendemos que você errou e acabou chegando aqui.

Se for verdade, isso acabou tornando moda.

Porque tudo aqui ninguém sabe, ninguém viu.

Olha Pedro, você bem que podia deixar isso acertado.

Como foi que parou na nossa costa, como foi combinado?

Tenho outra queixa a fazer-te.

Você instituiu essa mania de presentinhos não foi?

Mandou o capitão Nicolau Coelho à terra.

Ele entregou aos nativos um gorro vermelho e um sombreiro.

Recebeu em troca um cocar de plumas e um colar.

Acredita que até hoje tem gente dando presentinhos?

A única diferença Pedro é que na sua época foram presentes para

Agradar aqueles homens pelados e lindas índias não foi?

Pois é hoje eles dão presentinhos para pedirem voto.

Outra coisa que desde o seu tempo acontece.

Quando você viu as índias ficou admirado com tanta beleza nua.

Acreditas Pedro que hoje ainda tem gente que vem aqui por isso.

Acham a mulher brasileira deslumbrante e sexy.

Mas Pedro a mulher brasileira não é só bunda.

Elas lutam muito. Mais que as suas branquelas da Europa.

É Pedrão, assim continua a terra que você descobriu.

Naquele dia marcante de vinte e dois de abril.

Mudamos muito, mas temos algumas marcas daquele dia.

Hoje, Pedrão, os navegantes somos nós.

Navegamos em mares bravios também.

Sabemos que NAVEGAR É PRECISO,

Mas nunca tivemos um grande comandante.

Por isso, a terra que descobriu continua

UMA NAU ERRANTE.