O Lado Escuro da Arcádia
A natureza pediu-me
Que abraçasse a vida
A vida convidou-me
A um rápido passeio
E, de anúncio despida
É que a verdade me veio
Neste vale, o tempo
O tempo é como as folhas
Nesta caminhada,
Não me disseram
Não se oferecem escolhas
Tão-somente esperanças dilaceram
Às vezes é tão comum
Sentir-me como um estrangeiro
Fronteiras levam-me de volta
A velhos mundos de desjejum
Velhos mundos de um estranho
Velho estranho, eu mesmo!
Acenos no acostamento
Sobrevivência em conservas
Negras nuvens, invisível horizonte
Sonhos no esquecimento
Novo sangue, mundo sob trevas
Almas às rédeas, ó Caronte!
Olhos que não se abrem
Sinto espinhos impassíveis
Meu nervo ótico rasgarem
É cedo para a ruína abraçar
Vem-me a Hidra em feiuras indizíveis
No próprio Hades minha frieza abrasar
Um abrigo na tempestade
Unindo heróis e renegados
O cenobita em delírios de volúpia
Involuntário prazer, grilhões da castidade
Ira e inocência docemente castigadas
No irromper de auroras em núpcias
É o mergulho que tento evitar
Quando o tempo revela degradação
Houve tempo ao sacrifício no altar
Impõe-se novo levante do pó da criação
Nos humanos desejos de diamantes
Ecoa o lamento dos últimos navegantes