O dia que eu sonhei com o Juízo Final

Vem nevoeiro, tudo abarca

Apaga marcas, parcas lembranças

anuviadas, de cegas vistas

Pistas deixadas, varrendo rastros

Mastros sumidos da vista ao longe

Que não guardaram lembranças minhas

Agora eu olho para o Sol

Para imprimir a sua imagem

Como a atestar sua passagem

E lá se vão as alcatéias

que dominaram tantas vidas

Além das que abreviaram

Fechei meus olhos, já me deixaram

termina sonho, começa vida

Está num ponto em que é dividida

Onde começa a eternidade

Também terminam as ilusões;

Sou figurante em meu próprio sonho

Ao qual sonhei por Vontade Alheia

Testemunhando algo sem tamanho

Sob meus pés não existe areia

Não há mais mundo, não há mais nada

Só o julgamento de um crime antigo

Não ganho nada, sequer castigo

Agora eu olho para o Sol

Para imprimir a sua imagem

Como a atestar sua passagem

Edson Ricardo Paiva