Irmãs

Saqueio cidades-fantasma;

minhas mãos pálidas ;

brincam de matar.

Meus olhos como arames farpados;

deitam-se no branco,

cansados de assustar.

Adormeço moldando dimensões;

planejando o roubo de outro planeta ;

enquanto Ela engasga de cores o Éden,

em tudo põe seu cheiro cor- violeta.

Na Festa de Vênus;

Ela dança como um ciclone manso,

a fumaça , seu vestido , seus arranjos.

Eu a vejo do Tártaro;

ela ama no Idioma dos Anjos.

Lembra-me Deus quando menina:

placida , solitária , lotada de bondade.

Lembro -me de sua irmã,

chorando gasolina,

cheirando como ora o inferno selvagem.

A Bela Irmã era da cor do céu- berilo;

leve como a dor cor- céu,

e era de menta o seu véu,

tecido com a lã rara do Vale Abel.

A Bela Irma falava baixinho;

dedos de pena , dedos de rei.

A Triste Irma nunca tirava suas luvas;

se ao menos possuía mãos ,

nunca saberei.

Ao seu fim ,

a Bela Irmã dispersou-se sobre os deuses;

partiu-se em vidas,

é hoje um dos palácios que

o Universo usa como moradia.

A triste Irma mudou-se para outra dimensão;

dizem que não é vista de dia ,

dizem que não possui mais coração,

e atende pelo nome de Poesia.

Rebeca Maron
Enviado por Rebeca Maron em 05/09/2016
Código do texto: T5750706
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