Irmãs
Saqueio cidades-fantasma;
minhas mãos pálidas ;
brincam de matar.
Meus olhos como arames farpados;
deitam-se no branco,
cansados de assustar.
Adormeço moldando dimensões;
planejando o roubo de outro planeta ;
enquanto Ela engasga de cores o Éden,
em tudo põe seu cheiro cor- violeta.
Na Festa de Vênus;
Ela dança como um ciclone manso,
a fumaça , seu vestido , seus arranjos.
Eu a vejo do Tártaro;
ela ama no Idioma dos Anjos.
Lembra-me Deus quando menina:
placida , solitária , lotada de bondade.
Lembro -me de sua irmã,
chorando gasolina,
cheirando como ora o inferno selvagem.
A Bela Irmã era da cor do céu- berilo;
leve como a dor cor- céu,
e era de menta o seu véu,
tecido com a lã rara do Vale Abel.
A Bela Irma falava baixinho;
dedos de pena , dedos de rei.
A Triste Irma nunca tirava suas luvas;
se ao menos possuía mãos ,
nunca saberei.
Ao seu fim ,
a Bela Irmã dispersou-se sobre os deuses;
partiu-se em vidas,
é hoje um dos palácios que
o Universo usa como moradia.
A triste Irma mudou-se para outra dimensão;
dizem que não é vista de dia ,
dizem que não possui mais coração,
e atende pelo nome de Poesia.