Chovem poeiras
e pedrinhas indeléveis.
 
Minha casa acorda
com  tamborilados nos telhados.
 
Cortinas endoidecidas
gargalham do vento bêbado,
(o vento sempre se embriaga
ao passar por meus portões de tédios).
Entra, afoito vento, pelos jardins engolindo sombras daninhas,
nunca se banha em poças de sol,
conta-me, com a boca cheia de devastações,
que engoliu o mundo e sentia pesar-lhe a alma;
com a hora catártica entalada nos neurônios
derrama paradoxos pelos olhos embaçados.
 
Rio das variações alucinadas do vento,
rio de mim e de tudo nesse passar obscuro;
uma profecia espera, sem se curvar ao espaço-tempo,
pelo envergamento das brumas no olhar perdido dos homens.

* SFVD
Ana Liss
Enviado por Ana Liss em 03/09/2016
Código do texto: T5749547
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