COMUNICADO - TEMPO DE AUSÊNCIA
... amo escrever,
eu me escorro rios todos
os dias,
sobre o ser
e suas coisas e senciências,
sobre o amor, a dor
e o rancor,
sobre o que seja
ou não do ser e de seus sentimentos,
sobre mim
e sobre o que não seja
de mim,
sobre pensamentos
e desvarios de minha mente,
mas que nem
sempre me pertencem.
Escrever
se tornou para mim o que chamo
de deserto: um deserto
que julgava
seguro.
Evito comentar
poesias, e não quero comentários em poemas
meus.
Isolei-me,
mas isso também depende
de crerem em mim.
Anos e anos
escrevendo, escrevendo, escrevendo
angústias, chuvas e lágrimas
em versos,
e para quê,
se não me crê a pessoa de que
tanto gosto?
Assim, confino,
por enquanto, e não devo viver
muito mais,
minha mente,
como quando era menino
e guardava meus sonhos nas traves
da cama de cima
da beliche.
E amarei
em silêncio, até que a morte
me silencie eternamente,
mesmo sem a crença
de quem amo.
Minha vida,
sexo com apenas uma mulher
na vida,
caí muito também
na vida, advindo do pior que me havia,
o ego em ação;
estou me ausentando,
e declarando meu skype extinto
e extintas quaisquer contatos ou possibilidades
de contatos,
inclusive de luz de cristal.
Minha escolha está
solidificada em uma decisão
que me conduza a uma pureza
maior
e a uma crença
de uma pessoa em mim,
da qual não posso me desapegar,
por amor.