AMOR: DESVARIO MEU
Noite negra,
assombrosa e fria de meu ser
se apossou,
em triste
sonho de buscas vãs e lamentos
eternos.
Tudo estava
tão escuro, tão denso,
tãoo vazio
e não havia
a luz, pela qual tanto ansiava
encontrar.
Na caixa-túmulo
onde me encontrava, vultos
informes
corriam ao ver meu semblante
– sem cor, tenebroso – que indagava
onde se encontrava a saída para a nebulosidade
que de mim se apossava.
Rostos irreconhecíveis
sumiam em meio à negritude; não da negritude
da noite, mas da palidez
de minha alma,
que transbordava
a dor suprema do isolamento
e a angústia profunda de não mais poder
ver a luz que irradia
eterna.
Em um lapso,
a um escuro canto da caixa tenebrosa,
um anjo apareceu em meu
caminho
– um oásis no inferno –
e foi bebida
com a sede insaciável do ancião
que habita o grande
deserto,
em estímulos
intensos de amor, desejo e paixão
alucinados.
- Doce anjo,
desceste do paraíso ao limbo
e te maculaste na própria essência
para amar o inconcebível,
e foste ferida
pela espada do habitante
das trevas.
Agora tu partes,
com lágrimas nos olhos, em direção à grande luz,
que teu eterno cúmplice amado-amante
não pode ter.
Soterrado
na escuridão profunda e privado do amor
angelical,
minha alma
tornou-se também escura como
negro vácuo.
E vã parece
a grande luta que me fatiga,
batalha final em busca da redenção,
que possa tirar-me da grande
treva.
Mas os breves
e intensos momentos – sensações eternizadas em mim, por tomar do nectar
angelical –
impelem-me a prosseguir,
exausto, na busca da saída dessa
caixa-morte
para,
um dia, não mais ser o abismal,
O infame,
e sim poder brilhar com minha doce
amada, tal qual as estrelas
do firmamento.