<IA>Das dissipações
Embora renove-se o tempo
nada de novo acontece
quando se despe ao desprezo
e deita-se sobre a geleira
com a alma em névoa
n'absoluto silêncio...
Vidas se indispõem
e se avinagram,
moinhos se engrenam,
dias passam mudos
e sem movimentos...
entre tantos contratempos
folhas secam, caem
e solo envenena,
tormentas se instalam
e os ventos mudam de rumo...
e as águas em seu curso
e em redemoinhos
constantes movem o relógio...
e em meio aos imbróglios
o tempo segue seu rito,
cumpre o seu papel...
distâncias agiganta,
nutre a indiferença
a ira desbanca...
nenhum mal ou bem
nascem vitalícios...
Tudo qu'inda é novo
vira desperdício
e o que agora é velho
jaz no esquecimento...