O HIATO

O HIATO

Estas jóias eram pecados cometidos

brilhavam mais do que eu

nunca tinha sido perdoada

elas traziam as suas

e brindavam possuídas

na grande boate abriam as "sedas"

sonhavam ser fantasmas

onde ninguém existia

fumando clamando pelo mel

tinham um veneno vertido

no céu da boca se ouvia

que iriam gozar e saiam

pra buscar outro objeto mais caro

no leilão dos corações cavernosos

o macabro lustre era vermelho

descia larvas pelos cantos

"todos os corpos estavam queimados"

eles me vigiavam de cima a baixo

minha manta fúnebre branca

assustava a coragem dos criminosos

de arma em punho

vieram me assaltar de encontro

a parede

a parede falava e era macia

eu buscava a saída

n'outra taça de drink

eu havia tomado conta de tudo

mesmo que não pudesse sair

de onde estava sentada

podia ver quase todo mundo

vagavam sussurrando melodias

penetrando meus ouvidos

eu já falava o que eles queriam

a cor da pele mudando

a cor da pele sumindo

estava usada transparente

nem o espelho sabia meu nome

o abdomen monstrava minha cintura

eu estava mordida

meu piercing havia sumido

tinham sangue escorrendo

entre as pernas

um sorriso besta molhado

por dentro nada sentindo

rumo doente pra casa

acordo dormindo entre

nuas forças estranhas por cima...

MÚSICA DE LEITURA: TESS PARKS - TANGERINE