Hárpia
Hárpia
Eras a mulher sedutora,
Sensual, arrebatadora,
De mim, esvaído de vida,
Qual paixão - obsessão - perdida,
Nessas melodias eternas,
Tão suaves, doces, tão ternas.
Eras mulher satisfação,
Amante de pura paixão,
Montada em escravo dorso.
Amesquinhado de remorso
Jazo perante ti, raptora
Homenageando-te, senhora.
Pobre espírito meu morto
Sem eira, nem beira, sem porto…
Harpia eterna viciosa,
Cruel tirana. Desditosa.
De cantos de maldição
Distorcidos, vis de traição.
E se vida ouso, grasnidos!
Se correntes quebro, bramidos!
Se imploro, lancinantes lamentos!
Se fujo, lanças excrementos!
Tombo, pelo peso, doente,
Danças, sobre o corpo jazente.
E a ti, harpias se juntam,
E meus sentidos defuntam,
Se lançam voos rapinantes,
Aladas, posições rampantes,
Sobre quem ouse socorro…
Não meu anjo! Não vivo… Morro!
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