Folha de Papel
Folha de Papel
Sou folha de papel
Virgem, imaculada,
toda de branco, nua,
Que tu poeta, cruel,
Me lanças, violada,
No lixo de uma rua.
Rasgas e garatujas,
Letras sem dó, feridas,
De dor, desilusão,
Sem cores de paixão,
Furiosas, tremidas,
Pelas tuas mãos sujas.
Amarfanhas no medo,
Em mim, mais impura…
Hoje que me amordaças,
No silêncio d’ enredo,
Que tua alma tortura,
Em sonhos e negaças.
Sou a folha, chutada,
Perdida, só, no ocaso,
Das cinzas da tua mente.
Ai! E eu, enlevada,
Desejava ser o vaso,
Concha da tua semente.
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