Fui ao baile
e era dançante
as palavras se cumprimentavam
de forma pomposa e respeitosa
vi tantas palavras
essências, vetores
e adjetivos...
mas as mais tímidas 
eram as conjunções
 o e tinha ar solitário e convidativo
o ou era hesitante e indeciso...
e o mas... vivia em contradição eterna..

Nessa baile
a música se fazia presente
em forma de versos
assimétricos
com rima e sem rima
com começo, meio e eternidades

No céu há nuvens e aviões
No céu da boca
existe ninho de palavras malditas
Há fonemas sem eco
Há na respiração
uma inaptidão em conter-se
há doação, entrega e absorção...

Em linhas traçadas
há trilhas apagadas
pontilhadas de reticências
Há nas linhas de sua mão
confidências
indecifráveis...

Fui ao baile
fiquei horas e horas
passando por versos,
verbos
e me deparei
com o enigma:
de ser a substância,
e ser o adjetivo do outro.

De ser principal e adjeto
De ser sujeito e objeto
Ser a visão e ser o olho cego
que tateia o infinito
das emoções.


Existem palavras bailando,
burilando a realidade,
burlando percepções,
roubando a cena,
emudecendo falas
e, deixando boquiabertos
os que calaram
pois o silêncio
é uma poesia orquestrada
pelos tropeços de madrugada
e por pensamentos que rimam
no ritual das manhãs...
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/06/2016
Código do texto: T5660768
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