Descansa em Paz, Morte!
Descansa em Paz, Morte!
Tu, Morte, que ceifas as vidas
Dos inocentes e dos culpados,
Que ousaste matar o teu Deus,
És maldita cobardia mistificada
No temporal horror dos viventes!
Rondas, em vigília perene, almas
Que arrebatas incongruente de ti,
Quere-las como eternas amantes
E perde-las na podridão dos corpos.
Elas te elegem a noiva abandonada!
Ah, Morte tantas vezes me roçaste,
Com teu manto negro, roto d’ agonia,
Seduzindo-me a teus braços fétidos.
E sempre te quis, desafiador, gritando:
- Toma-me, contigo! Faz-me consorte!
Mas, tu, Morte, fugiste desse altar de dor,
Desse lugar de sacrifício de tantos outros
Que imolaste, insana, porque te temem.
Eu, que proclamo amar-te sem temores,
Sou abandonado na solidão desta vida.
Foges de mim, Morte, porque já morri…
Ousei ungir-me com odores pestilentos,
E, tu, Morte és incapaz de tomar em ti
Quem já não vive. O corpo que desejas
É marioneta animada por vã existência.
E, assim, Morte, serei eu o pretendente
Indesejado, o vilão que te amaldiçoou
Á morte de ti mesma. Porque, tu, Morte,
Que imortalizas o desespero, ufanas raivas
Pela dor, morrerás também “in perpetuum”.
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