Descansa em Paz, Morte!

Descansa em Paz, Morte!

Tu, Morte, que ceifas as vidas

Dos inocentes e dos culpados,

Que ousaste matar o teu Deus,

És maldita cobardia mistificada

No temporal horror dos viventes!

Rondas, em vigília perene, almas

Que arrebatas incongruente de ti,

Quere-las como eternas amantes

E perde-las na podridão dos corpos.

Elas te elegem a noiva abandonada!

Ah, Morte tantas vezes me roçaste,

Com teu manto negro, roto d’ agonia,

Seduzindo-me a teus braços fétidos.

E sempre te quis, desafiador, gritando:

- Toma-me, contigo! Faz-me consorte!

Mas, tu, Morte, fugiste desse altar de dor,

Desse lugar de sacrifício de tantos outros

Que imolaste, insana, porque te temem.

Eu, que proclamo amar-te sem temores,

Sou abandonado na solidão desta vida.

Foges de mim, Morte, porque já morri…

Ousei ungir-me com odores pestilentos,

E, tu, Morte és incapaz de tomar em ti

Quem já não vive. O corpo que desejas

É marioneta animada por vã existência.

E, assim, Morte, serei eu o pretendente

Indesejado, o vilão que te amaldiçoou

Á morte de ti mesma. Porque, tu, Morte,

Que imortalizas o desespero, ufanas raivas

Pela dor, morrerás também “in perpetuum”.

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Poeta sem Alma
Enviado por Poeta sem Alma em 31/05/2016
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