HIPNAGOGIA: REFLEXÃO ESPECULAR
Um célere turbilhão de sonho
Trevoa o turbante neural.
Faz um tempo trêmulo;
Lá fora.
Lembro-me do fastio medonho,
Um cavalheiro de feitio caricatural,
Prógnato, grosseiro; estica o frênulo:
- Víbora!
Sussurra-me, quase auspicioso,
Num andrajo subserviente:
Esfacela-te animal;
Revigora.
Quis rasgar-me o trapo poroso
Revelar-me o sangue deficiente
A condição prima de homem carnal.
- Devora!
Não há por que temer, tramar
um espetáculo de espectros
em obras-primas subtis;
Estupora(me).
Rapidamente perdi-o no ar,
Esfumou-se deixando-me rastros
de figuras refletidas; pálidas e hostis.
(Catáfora)
Eu que te fiz monstruosidade gentil,
Ao não me reconhecer nódoa sincera.
Partida de mim a sombra rebelde reluz.
Rememora.
(Acordei feliz).
Hernâni Arriscado - Hipnagogia: Reflexão Especular
25/10/15