amantes surrealistas

manhã de bruma e fumaça

a chuva fria embassa

meus olhos quentes

um galo distante canta

ainda rouco em

prol da manhã mal raiada

o orvalho da rosa prostrada no muro

brilha como se fosse cristal

as imagens parecem pinturas de monet

coloridas, pálidas

e ligeiramente borradas

parecendo um dia cansado de sol

encharcado de chuva final

arrancado de alguma alma

no pulso as horas

na cabeças milhões de coisas

ainda por fazer

por fim,

a bruma se dissipa

a fumaça se desfaz

o orvalho seca

e à tarde vem as

lágrimas

o sol é um pouco opaco

tímido e frio

de inverno

suspira saudoso

pelo outono

composto de mosaico colorido

das folhas

queimadas

do cheiro sortido das frutas

maduras

e caídas

o dia chega ao fim

a lua branca brilha

singela

na companhia de silenciosas estrelas

que me contam todos os segredos

dos amantes surrealistas.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/07/2007
Código do texto: T562550
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