amantes surrealistas
manhã de bruma e fumaça
a chuva fria embassa
meus olhos quentes
um galo distante canta
ainda rouco em
prol da manhã mal raiada
o orvalho da rosa prostrada no muro
brilha como se fosse cristal
as imagens parecem pinturas de monet
coloridas, pálidas
e ligeiramente borradas
parecendo um dia cansado de sol
encharcado de chuva final
arrancado de alguma alma
no pulso as horas
na cabeças milhões de coisas
ainda por fazer
por fim,
a bruma se dissipa
a fumaça se desfaz
o orvalho seca
e à tarde vem as
lágrimas
o sol é um pouco opaco
tímido e frio
de inverno
suspira saudoso
pelo outono
composto de mosaico colorido
das folhas
queimadas
do cheiro sortido das frutas
maduras
e caídas
o dia chega ao fim
a lua branca brilha
singela
na companhia de silenciosas estrelas
que me contam todos os segredos
dos amantes surrealistas.