Você no meu poema
Como estavas tão linda, menina
Vestida de renda francesa
Que refletia na pele de parafina
A presença firme da realeza.
Com aparência de moldura diáfana
Vi na tua face cor de alabastro
Que simulavas ventura e me instigava
A descobrir se terias vindo de algum astro.
Essa era uma festa de debutante
A alta corte, menestrel, poetas estavam ali
Chegaste só e, num breve instante
Dominaste os olhares e puseste a sorrir.
Pelo piscar dos teus olhos, menina, pude ver
Que o inusitado logo aconteceria
Não eras desse plano, não podia ser
Tanta graça e luz que do teu olhar fluía.
Celeste imagem percorreu o salão, olhar profundo
Terias vindo das galáxias de outros céus
Com essas vestes vaporosas, pensamento fecundo?
Não. Surgiste no poema, emoldurando os versos meus.
Mena Azevedo