Eu vejo coisas
Eu vejo coisas!
De repente em meio a um silêncio lancinante
uma luz forte, espessa e branca
acende no centro do palco
iluminando num facho certeiro
só o centro.
Corpos brancos balançam seus braços e quadris
lá de frente a luz, em meio ao morno escuro
só sombras são vistas...
A mente sobra em sensações...
Uma bailarina vestida de negro
rodopia de um lado a outro do palco
e...aparece e some, aparece e some
os corpos atrás da luz somem
partiram ao centro do palco
onde o branco os abraça
em forma de flor
sentam no chão
encolhidos
e quando abrem os braços
a flor abre e fecha, abre a fecha...
neste instante, quando se fecham
papéis brilhantes são jogados de cima...
como se estrelas caíssem
enquanto luzes ínfimas piscam no manto negro
de um teatro imaginário
escurece tudo
a emoção se cala
e quando o olho pisca
a música recomeça!
com bailarinos envoltos em fios coloridos
dança, música, erudição e capoeira!
batuques, berimbaus...
e como o toque
vai se acalmando lentamente
depois, misturam-se a eles, aos poucos
dançarinos vestidos com roupas mescladas de cinza
e tudo começa tranquilamente a escurecer
alguns cinzas vem
coloridos vão...alguns cinzas vem, coloridos vão...
A música torna-se mais grave
pesa o escuro sobre a cor
o palco entristece
escurece
apaga
fim
Aplausos nos lembram que era só uma peça
- Será?
Márcia Poesia de Sá. 2013