VERSOS À SOLTA SEM RÉDEA
Estás aí? Não me dizes onde estás.
Sei que estás aí e não queres dizer,
É por teres arranjado um outro amor,
Ou porque te fartaste de mim, é dor,
Da ferida que me abriste, e me doeu.
Estranha forma de amar a tua,
Surda e calada, nada muda,
Donzela inconformada,
Ao amor um beijo apela
Que lhe é negado,
Por ele não gostar dela.
Acendeu-se a vela,
O terço reza com fé,
O amor desaparece,
Sangra o seu peito,
E a alma clama
Por uma chama.
Uma nuvem esconde a lua,
Os namorados trocam beijos,
Os renegados clamam vingança,
Os usurpadores irão morrer,
Dormirão sono profundo no tumulto.
Tímido será o coveiro,
Com receio de ser enterrado
Pelos mortos que ainda vivem.
Sem os haveres confiscados,
No além prestarão contas,
Sem saberem dividir,
Apenas multiplicar e adicionar.
Quando escrevo não penso,
Quando penso não escrevo,
É a lei da vida que não vence
Letras para pagar, protestadas,
De vidas hipotecadas.
Ruy Serrano - 14.04.2016